skip to main content

Perspectiva genômica sobre a origem, história e diversidade dos povos indígenas da América do Sul: do povoamento inicial à colonização europeia

Silva, Marcos Araújo Castro E

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Instituto de Biociências 2021-09-27

Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.

  • Título:
    Perspectiva genômica sobre a origem, história e diversidade dos povos indígenas da América do Sul: do povoamento inicial à colonização europeia
  • Autor: Silva, Marcos Araújo Castro E
  • Orientador: Hünemeier, Tábita
  • Assuntos: Povoamento Da América; Nativos Brasileiros; Genômica De Populações; Genética Antropológica; Diversidade Genética; Genetic Diversity; Brazilian Natives; Peopling Of America; Population Genomics; Anthropological Genetics
  • Notas: Tese (Doutorado)
  • Descrição: A origem dos nativos americanos remonta a povos do nordeste asiático que teriam chegado a Beríngia durante o Último Máximo Glacial e após o seu fim teriam cruzado as geleiras do norte da América do Norte dando início ao povoamento do continente. Com exceção de populações do ártico, o restante dos nativos americanos foram formados por uma população ancestral comum, entretanto algumas comunidades indígenas atuais e um indivíduo antigo do Brasil apresentam um componente de ancestralidade adicional, que exibe maior afinidade genética com populações do sul da Ásia, Melanésia e Austrália e foi modelado como a contribuição de uma população não-amostrada (População Y). Durante o povoamento inicial os primeiros americanos passaram por um processo de adaptação à imensa diversidade ambiental das Américas, mediado tanto pela evolução biológica quanto cultural, assim como pela construção de nichos, resultando em uma das maiores diversidades culturais do mundo, com aproximadamente 350 grupos étnicos e mais de 180 línguas nativas apenas na Amazônia. Posteriormente, durante o Holoceno médio e tardio alguns fatores como a intensificação da produção de alimentos e mudanças climáticas produziram dinâmicas populacionais que reconfiguraram significativamente a paisagem genética, entre esses eventos a Expansão Tupí é provavelmente o mais relevante para o leste da América do Sul. Além disso, a invasão e colonização europeia, a partir do fim do século 15, levou a um extermínio massivo dos indígenas, particularmente do litoral brasileiro que era predominantemente ocupado pelos Tupí. Aqui nós analisamos os dados genômicos inéditos de 139 nativos americanos contemporâneos de 9 grupos étnicos do Brasil, genotipados nas plataformas Axiom Human Origins Affymetrix (49) e Axiom InCor BB Affymetrix (95) (5 indivíduos presentes em ambas) e combinados a bancos de dados públicos de comunidades indígenas contemporâneas e de indivíduos antigos. No Capítulo 1, nós demonstramos que o sinal de afinidade genética australo-asiática apresenta grande variação intra e interpopulacional, e está muito mais extensamente distribuído na América do Sul do que anteriormente demonstrado, estando presente mais ao sul da região Centro-Oeste brasileira nos Guaraní Kaiowá e também do outro lado da Cordilheira dos Andes nos Chotuna do litoral norte do Peru. Adicionalmente, os modelos de história populacional corroboram que o povoamento inicial das Américas ocorreu pela rota da costa do Pacífico. Enquanto que, no Capítulo 2 nós encontramos um padrão de estrutura genética parcialmente relacionado a diversidade linguística entre os indígenas do leste e oeste da América do Sul, com pelo menos 3 divisões primárias em cada região e um grupo transicional no oeste amazônico, incluindo populações das encostas orientais andinas. Contudo, tanto a variação genética quanto o nível de homozigose são correlacionados à longitude, além da distância genética que é correlacionada a geográfica, sugerindo portanto um efeito conjunto de isolamento por distância e de gargalos populacionais em série, possivelmente remontando a dispersão inicial a partir da costa do Pacífico. Interessantemente, a subestruturação genética de populações indígenas contemporâneas recapitula a ancestralidade subcontinental de indivíduos antigos. Nós ainda encontramos evidências de expansões dêmicas no Holoceno tardio e de uma maior resistência ao colapso populacional no pós-contato entre os grupos do oeste sul-americano. Por fim, diversas linhas de evidências apontam que os Kokama do oeste amazônico passaram por um processo de substituição linguística. Ao passo que, no Capítulo 3 nós mostramos que os Tupiniquim do Espírito Santo no litoral brasileiro, são descendentes do antigo ramo Tupí da costa, além disso nós também datamos os períodos de intensificação da miscigenação com povos europeus e africanos, os quais remontam a alguns eventos históricos particularmente relevantes para a demografia brasileira. Por último, modelos baseados em hipóteses alternativas da Expansão Tupí corroboram a interpretação do arqueólogo brasileiro José P. Brochado, segundo a qual os Tupí da costa (i.e. Tupinambá) e os Guaraní teriam divergido e se expandido a partir da Amazônia por rotas independentes, os primeiros seguindo o curso Rio Amazonas em direção ao leste e depois através do litoral atlântico e os últimos indo diretamente para o sul ao longo dos rios até a Bacia do Paraná.
  • DOI: 10.11606/T.41.2021.tde-09122021-151927
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Instituto de Biociências
  • Data de criação/publicação: 2021-09-27
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

Buscando em bases de dados remotas. Favor aguardar.