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Novas informações sobre cetáceos no litoral sul de São Paulo e norte do Paraná com base em estudos sobre encalhes e na aplicação da técnica de foto-identificação individual de Sotalia fluviatilis (Cetacea, Delphinidae)

Marcos César de Oliveira Santos Sergio Rosso

1999

Localização: IB - Instituto de Biociências    (M-876 ) e outros locais(Acessar)

  • Título:
    Novas informações sobre cetáceos no litoral sul de São Paulo e norte do Paraná com base em estudos sobre encalhes e na aplicação da técnica de foto-identificação individual de Sotalia fluviatilis (Cetacea, Delphinidae)
  • Autor: Marcos César de Oliveira Santos
  • Sergio Rosso
  • Assuntos: ECOLOGIA
  • Notas: Dissertação (Mestrado)
  • Descrição: Os eventos de encalhes representam importantes fontes na investigação de aspectos biológicos relacionados às espécies de cetáceos. Para aprimorar os conhecimentos sobre os cetáceos ocorentes na costa brasileira, entre maio de 1996 e setembro de 1998 foi realizado o monitoramento sistemático de encalhes em três praias localizadas no litoral sul do Estado de São Paulo e norte do Estado do Paraná (24°40'S - 25°30'S). Mensalmente, e em algumas ocasiões quinzenalmente, cerca de 115 Km de praias arenosas foram percorridas. Um total de 124 exemplares foram observados, sendo que onze deles foram coletados por moradores locais. As seguintes espécies e números de indivíduos foram observados: Sotalia fluviatilis (57), Tursiops truncatus (22), Pontoporia blainvillei (16), Stenella frontalis (12), Delphinus capensis (11), Steno bredanensis (2), Balaenoptera edeni (2), Physeter macrocephalus (1) e B. acutorostrata (1). Para uma melhor compreensão dos eventos de encalhes, o número destes observado em cada uma das três praias mensalmente foi determinado como a Razão de Incidência de Encalhes. Comparações com um estudo anterior realizado ao final da década de 80 através da utilização da mesma metodologia de investigação também são apresentadas. Evidências preliminares de variação geográfica de T. truncatus na costa brasileira baseada medidas cranianas são apresentadas. Os dados obtidos para as razões rostrais de golfinhos pertencentes ao gênero Delphinus observados na região
    de estudo se encaixaram com os intervalos apresentados por Heyning & Perrin (1994) para a identificação dos exemplares como sendo D. capensis. A possibilidade de se estimar a idade em odontocetos é um fator importante no estudo de sua biologia populacional. As informações obtidas com as estimativas de idade são extremamente importantes para os propósitos de conservação e manejo de espécies. Desde a década de 30, algumas técnicas estão sendo desenvolvidas ) para a observação da deposição de Growth Layer Groups (GLGs) (grupos de camada de crescimento, em inglês) nos dentes dos cetáceos. Em águas brasileiras, poucos trabalhos foram feitos sob este enfoque desde o final da década de 80. Estes estudos envolveram as estimativas de idade em Steno bredanensis, Sotalia fluviatilis, Pontoporia blainvillei, Tursiops truncatus e Pseudorca crassidens. No presente trabalho são apresentadas novas investigações a respeito de estimativas de idade de cetáceos encontrados encalhados ao longo do litoral sul de São Paulo e norte do Paraná (24°40'S - 25°30'S), assim como de exemplares de S. fluviatilis encontrados mortos e boiando em águas estuarinas locais. Os exemplares foram coletados entre agosto de 1995 e dezembro de 1998. Um total de 76 exemplares foi utilizado envolvendo as seguintes espécies: S. fluviatilis (36), T. truncatus (15), P. blainvillei (12), Stenella frontalis (6), Delphinus capensis (6) e Steno bredanensis (1). As estimativas de idade em S. fluviatilis
    variaram entre 0 e 29 anos. Duas modas distintas de exemplares com idade estimada entre 1 e 7 anos (52,8%) e entre 21 e 29 anos (38,8%) foram observadas. As estimativas de idade das outras espécies variaram de 0 a 26 anos em T. Truncatus, 2 e 6 anos em P. blainvillei, 1 e 16 anos em S. frontalis e 5 e 13 anos em D. capensis. O único exemplar de S. bredanensis analisado apresentou 11 GLGs distintos. Todas as espécies observadas demonstraram padrões de deposição de GLGs similares aos descritos em literatura. Das espécies notificadas no presente estudo, são inéditas as estimativas de idade para S. frontalis e D. capensis para águas brasileiras. Informações a cerca de hábitos alimentares de cetáceos em águas brasileiras são escassas. As poucas investigações quantitativas realizadas envolveram a forma fluvial do boto-tucuxi (Sotalia fluviatilis) na Bacia Amazônica, e a franciscana (Pontoporia blainvillei) ) e o golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) ao longo do litoral sul do país. Estudos qualitativos vêm sendo desenvolvidos em anos recentes ao longo das regiões sul e sudeste. Este trabalho apresenta novas informações sobre os hábitos alimentares de pequenos cetáceos encontrados na costa brasileira. Conteúdos estomacais foram recuperados de 9 exemplares do boto-tucuxi marinho (S. fluviatilis), de um exemplar de golfinho-nariz-de-garrafa (T. truncatus) e de um exemplar de golfinho-comum-de-rostro-longo (Delphinus capensis). Os exemplares foram encontrados mortos
    flutuando em águas estuarinas circunvizinhas a ilha de Cananéia (25°S) ou encalhados em praias próximas. Os ítens alimentares foram identificados através da análise dos otólitos de peixes teleósteos, de bicos de cefalópodes e de peixes e de camarões inteiros não digeridos. Dos conteúdos de S. fluviatilis, 2707 otólitos foram analisados, dos quais 16 espécies de teleósteos foram identificados. Esses peixes pertenciam as seguintes taxa: Sciaenidae, Haemulidae, Gerreidae, Paralichtidae, Batracoididae, Trichiuridae, Engraulidae e Mugilidae. Peixes demersais geralmente associados a fundos de areia de estuários representaram os principais ítens alimentares. O comprimento total dos peixes variou entre 32,1 mm e 174,3 mm, com classes modais contituídas por exemplares com comprimento variando entre 32 mm e 92 mm. Sciaenídeos que produzem som relativamente alto por contração muscular da bexiga natatória foram observados como ítens alimentares comuns S. fluviatilis. Lulas da espécie Lolliguncula brevis (Lolliginidae), assim como de camarões das espécies Penaeus schmitii e P. paulensis (Penaeidae), também foram observados como ítens alimentares de S. fluviatilis. Para águas brasileiras, apresenta-se a primeira notificação de polvos, Octopus vulgaris, como ítem alimentar de T. truncatus. Os cefalópodes foram os principais ítens alimentares de ) T. truncatus e de D. capensis observados neste estudo. Desde a década de 70, a técnica de foto-identificação individual de
    cetáceos vem sendo como uma importante ferramenta na obtenção de informações relacionadas a estrutura de grupo, padrões de residência e uso de área, migrações, bem como para a obtenção de estimativas de tamanhos de populações. A técnica foi aplicada ao estudo do boto-tucuxi marinho, Sotalia fluviatilis, na região estuarina circunvizinha à ilha de Cananéia (25°00'S; 48°55'W), sudeste do Brasil. Foi utilizada uma câmera reflex 35 mm com lentes zoom 75-300 mm e filmes coloridos ASA 400 copiados em papel pelo processo C-41. Uma embarcação com motor de popa e algumas praias e enseadas protegidas serviram como plataformas. No período compreendido entre junho de 1996 e julho de 1998, 30 saídas de campo foram realizadas em 16 meses distintos. Um total de 1460 fotografias foram batidas, das quais 523 (35,8%) foram úteis para a identificação individual. Foram catalogados 42 exemplares, dos quais 32 (76,2%) foram identificados através da notificação de marcas despigmentadas ao longo das porções laterais do corpo e da nadadeira dorsal, aliada à presença de entalhes na nadadeira dorsal. Os dez exemplares restantes (23,8%) não apresentavam entalhes na nadadeira dorsal e foram identificados exclusivamente com base em marcas despigmentadas pelo corpo. De todos os exemplares catalogados, 15 (35,7%) foram reavistados em ao menos uma oportunidade. O maior número de avistamentos em ocasiões distintas para um determinado indivíduo foi de nove. O maior intervalo de tempo entre a primeira e a
    última notificação de um determinado indivíduo foi de 17 meses. Fêmeas adultas e filhotes perfizeram 40,5% do total de exemplares catalogados. São apresentadas observações preliminares de laços sociais, uso de área e fidelidade de grupo para S. fluviatilis na região do estudo. Os resultados apresentados ) evidenciam a importância da aplicação da técnica de foto-identificação para o melhor conhecimento dessa espécie no estuário de Cananéia
  • Data de criação/publicação: 1999
  • Formato: 114 p.
  • Idioma: Português
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