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A prosódia do guineense (kriol) e do português falado na Guiné-Bissau: análise de tipos frásicos

Braga, Gabriela

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 2023-06-21

Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.

  • Título:
    A prosódia do guineense (kriol) e do português falado na Guiné-Bissau: análise de tipos frásicos
  • Autor: Braga, Gabriela
  • Orientador: Svartman, Flaviane Romani Fernandes
  • Assuntos: Entoação; Prosódia; Português Falado Na Guiné-Bissau; Guineense (Kriol); Fonologia; Variedades De Português; Intonation; Phonology; Portuguese Spoken In Guinea Bissau; Portuguese Varieties; Prosody
  • Notas: Tese (Doutorado)
  • Descrição: A Guiné-Bissau é um dos países africanos de língua oficial portuguesa. Entretanto, essa não é a língua materna e nem a segunda língua mais falada pela população. É o guineense (kriol) que detém o status de língua de identidade nacional e é falado pela maioria da população (seja como língua materna ou como uma daquelas faladas como segunda língua). Diante dessa realidade, questionamos se, do ponto de vista linguístico, podemos assumir que o português falado na Guiné-Bissau seja uma variedade (ainda que em formação) de português. Ante a essa pergunta, levantamos as seguintes hipóteses: (i) o português falado na Guiné-Bissau (doravante PGB) é uma variedade de português em formação já distinta do português europeu (adotado como a norma padrão no país), adquirida como uma segunda língua, e que apresenta traços em comum com as demais variedades ultramarinas de português, nomeadamente as variedades brasileiras e africanas; e (ii) o contato entre a língua guineense (kriol) e a língua portuguesa tem um papel importante na constituição das características prosódicas desse PGB. Para a realização desta pesquisa, utilizamos o aparato teórico da Fonologia Prosódica e da Fonologia Entoacional Autossegmental Métrica. A recolha e análise de dados foi semelhante à utilizada no projeto InAPoP, visando a comparação dos resultados encontrados com aqueles já descritos na literatura para outras variedades de língua portuguesa (variedades de português europeu, brasileiro, santomense, angolano e moçambicano), tendo como foco a descrição e análise das sentenças declarativas neutras, declarativas enumerativas, interrogativas totais neutras e interrogativas parciais dessas duas línguas (guineense e PGB). Para a obtenção de dados que correspondessem a esses tipos frásicos, tanto em PGB quanto em guineense, analisamos dados de fala controlada e fala semiespontânea. Nossos resultados demonstram que, quanto às sentenças declarativas neutras, o guineense e o PGB apresentam alta densidade tonal, alta distribuição de acentos tonais associados ao longo do contorno entoacional, sendo encontrado um acento tonal associado a praticamente todas as palavras prosódicas (PWs) cabeça de sintagma fonológico (PhP), além de um contorno com mudanças melódicas abruptas, especialmente pela configuração H* e !H* dos acentos tonais pré-nucleares, criando um comportamento de \"degraus\" no contorno entoacional. Os resultados das sentenças enumerativas corroboraram os resultados encontrados para as duas línguas quanto ao contorno nuclear dos sintagmas entoacionais (IPs) não finais de enunciado, além da pausa e do alongamento da sílaba tônica da PW cabeça de IP não final serem pistas relevantes para a marcação de sua fronteira. As sentenças interrogativas totais neutras apresentam comportamentos distintos: enquanto no PGB encontramos picos nas fronteiras esquerda e direita de IP e muitos acentos tonais !H* associados às PWs internas de IP, utilizando a estratégia de redução da declinação e da expansão de registro (comuns a muitas línguas africanas), o guineense utiliza preferencialmente uma estrutura que indique o tipo frásico através da cadeia segmental, além do contorno entoacional apresentar um pico em seu início e seguir num movimento descendente até o contorno nuclear descendente ou baixo, apresentando poucas pistas da distinção entre declarativas e interrogativas totais através do contorno entoacional. Em relação às outras variedades, as interrogativas totais do PGB se assemelham às das variedades africanas de português por PhP ser o domínio prosódico privilegiado para a distribuição de acentos tonais, mas se difere destas ao considerarmos a alternância entre tons altos e baixos, um dos aspectos do macro-ritmo, que é muito forte nas demais variedades africanas e fraca no PGB. Também se diferencia quanto ao contorno nuclear e à densidade tonal das variedades brasileiras (especialmente do nordeste) e das variedades de português europeu, que majoritariamente apresentam o contorno nuclear ascendente, e especialmente de SEP, cujo contorno é descrito como descendente-ascendente, mas se aproxima das variedades brasileiras de português que apresentam o contorno entoacional descendente (variedades do sudeste), embora o PGB apresente, para este tipo frásico, uma densidade tonal muito mais alta do que as variedades brasileiras e um macro-ritmo com menor alternância tonal. Sendo assim, nossos resultados indicam que a prosódia do PGB é diretamente influenciada pelas características prosódicas do guineense quanto às sentenças declarativas neutras, mas que o comportamento prosódico das sentenças interrogativas totais neutras do PGB já aponta para um caminho próprio de sua gramática entoacional, ao divergir do comportamento prosódico apresentado pelas variedades de PE, e que reflete, ao menos em parte, seu multilinguismo local, ao adotar uma estratégia comum às línguas africanas para a diferenciação do comportamento entoacional de sentenças declarativas e interrogativas.
  • DOI: 10.11606/T.8.2023.tde-22112023-155220
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
  • Data de criação/publicação: 2023-06-21
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

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