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Raça e Relações Internacionais: anarquia branca, hierarquia negra

Santos, Renato Xavier Dos

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 2023-03-30

Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.

  • Título:
    Raça e Relações Internacionais: anarquia branca, hierarquia negra
  • Autor: Santos, Renato Xavier Dos
  • Orientador: Melo, Rurion Soares
  • Assuntos: Relações Internacionais; Raça; Internacionalismo Negro; Hierarquia; Hegemonia; Hierarchy; Hegemony; International Relations; Race; Black Internationalism
  • Notas: Tese (Doutorado)
  • Descrição: Se convencionou contar a história do campo das Relações Internacionais a partir do primeiro debate entre realistas e idealistas e que a disciplina surgiu com o propósito de evitar os horrores da guerra. A história reiteradamente descrita pelo mainstream acadêmico da área apagou durante muitas décadas temas que estavam fervilhando tanto no debate público quanto no debate acadêmico, entre os quais, imperialismo e colonialismo. Estudos revisionistas da história intelectual do campo apontam para contradições na história oficial e, ainda mais preocupante, revelam silêncios ensurdecedores acerca da contribuição do pensamento negro para o campo nascente. No início do século XX, muito antes do debate entre realistas e idealistas, intelectuais negros, entre eles, W.E.B Du Bois e Alain Locke, se debruçavam sobre a questão internacional e denunciavam o caráter racial das RI. No começo do século significavam, em verdade, relações raciais, resultado da corrida imperial e do colonialismo que tomava conta da polícia externa das grandes potências. Preocupados com o imperialismo, os primeiros textos dos liberais do campo, ao contrário dos intelectuais negros, procuravam desenvolver uma ciência do internacional que fosse capaz de garantir a manutenção do status quo da ordem global imperialista. Nesse contexto, o primeiro impulso da autonomia do campo de RI foi a criação de uma agenda de pesquisa chamada administração colonial. Diante desse quadro geral de um campo nascente voltado para a melhor acomodação do imperialismo, de um lado, e intelectuais negros produzindo diagnósticos que apontavam para a questão racial no centro da política internacional, de outro, uma pergunta persiste: por que raça foi silenciada em RI? O objetivo do trabalho está em evidenciar em que medida o pensamento negro internacionalista é caracterizado como um movimento/deslocamento contra-hegemônico. A branquitude forjou um campo reflexo das suas próprias demandas, fixando significados e teorias que privilegiavam categorias e epistemologias racializadas, desde a anarquia (central no sistema internacional de Estados) até questões de equilíbrio de poder (entre as potências brancas) e a natureza humana (uma sociedade hipotética que representava a identidade negativa da branquitude). A questão racial na disciplina foi relegada à um problema de cunho moral e, portanto, doméstico. O pensamento negro internacionalista se apresenta como um movimento contra-hegemônico, desafiando a hegemonia branca e propondo uma ordem global racialmente inclusiva. Isso busca estabelecer um campo plural e democrático, agregando diferentes perspectivas.
  • DOI: 10.11606/T.8.2023.tde-19062023-161421
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
  • Data de criação/publicação: 2023-03-30
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

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