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Fatores sócio-econômicos relacionados com o consumo de aves (Gallus gallus domesticus)

Resende, Diva

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz 1971-01-01

Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.

  • Título:
    Fatores sócio-econômicos relacionados com o consumo de aves (Gallus gallus domesticus)
  • Autor: Resende, Diva
  • Orientador: Araújo, Paulo Fernando Cidade de
  • Assuntos: Carne De Frango; Consumo De Alimentos; Fatores Socioeconômicos
  • Notas: Tese (Doutorado)
  • Descrição: O objetivo geral dêste estudo foi o de pesquisar a influência de fatôres relevantes para o consumo de aves em geral e, principalmente, para o de aves abatidas, além de realçar as principais implicações dos resultados para programas educativos de alimentação. Considerando como base as variáveis renda, educação e ocupação que tendem a caracterizar o nível sócio-econômico de uma população, os dados foram obtidos através de amostragem estratificada. O principal motivo dêsse procedimento foi a relativa heterogeneidade do universo em questão. As variáveis acima mencionadas serviram de critério básico para a divisão da amostra em estratos. Procurou-se saber em quantos níveis sócio-econômicos poderiam ser classificadas as famílias da cidade de Piracicaba. Utilizando um mapa da cidade e com base em informações adicionais, foram apontadas as áreas onde possivelmente predominam famílias de diferentes níveis sócio-econômicos. A partir daí, decidiu-se por uma classificação em quatro níveis: alto, médio, baixo e muito baixo. Em seguida, foram considerados quatro setores no mapa (perímetro urbano) de onde foram tomados os estratos da amostra, admitindo que os mesmos representassem, em cada caso, o nível sócio-econômico predominante no setor. A seguinte classificação foi então obtida: (a) estrato I – obtido no setor A - famílias de nível sócio-econômico alto; (b) estrato II - obtido no setor B - famílias de nível sócio-econômico médio; (c) estrato III - obtido no setor C - famílias de nível sócio-econômico baixo; (d) estrato IV - obtido no setor D - famílias de nível sócio-econômico muito baixo. Após essa divisão em setores, os respectivos quarteirões foram enumerados, seguindo-se a seleção ao acaso de 10 quarteirões em cada setor (e mais cinco para emergências), objetivando-se entrevistar cinco famílias em cada quarteirão, perfazendo, assim, um total de 50 famílias por setor. Foi determinado "a priori" que o entrevistador, ao iniciar seu trabalho de coleta de dados, contasse quatro casas a partir da esquina, lado noroeste do quarteirão sorteado, e na quinta casa fizesse a entrevista. Aplicou-se o mesmo critério nas entrevistas subsequentes. As donas de casa dessas famílias foram entrevistadas no período de setembro a novembro de 1969. As seguintes hipóteses gerais foram formuladas: (a) a aceitação de novos produtos no mercado relaciona-se com fatôres sócio-econômicos que condicionam o comportamento do consumidor; (b) o consumo de aves, alimento protéico de origem animal, está também associado a fatôres sócio-econômicos. Para testar essas hipóteses aplicou-se o teste de Spearman, ao nível de probabilidade de 1%. Verificou-se que existe uma associação significativa entre o consumo total de aves, consumo de aves abatidas e os fatores sócio-econômicos: nível de renda da família, ocupação e nível educacional do chefe de família, nível educacional e·grau de modernismo da dona de casa. Quanto às características dos quatro estratos sócio-econômicos, observou-se: 1. Mais da metade das famílias, 56,5%, tem apenas de um a três filhos em casa. Isso significa que as famílias são pequenas, relativamente. Mas, como era esperado, quanto mais baixo o nível sócio-econômico maior êsse número. A maioria, 58,5%, tem filhos mais velhos em idade de 19 anos ou menos, sendo que nos estratos III e IV, essa percentagem é de 62%. As famílias se encontram no estágio ou ciclo de vida mais dinâmico, ou seja, o estágio de expansão, com filhos em idade pré-escolar, escola primária e grande parte na categoria de pessoas dependentes. Os estratos representativos de níveis sócio-econômicos mais baixos revelam mais alto coeficiente de dependentes inativos; 2. Enquanto 56% das famílias do estrato I têm uma renda mensal igual ou superior a Cr$ 1.200,00, 42% das famílias no estrato III, e 62%, no estrato IV, têm renda igual ou inferior a Cr$ 300,00. Tudo indica ser a diferença na distribuição da renda entre os quatro níveis bastante significativa; 3. Os gastos com alimentação variam de Cr$ 50,00 até Cr$ 999,00. Do total das famílias, 72% têm um gasto mensal com alimentação igual ou inferior a Cr$ 350,00. Quanto mais elevado o nível sócio-econômico, maior o gasto com alimentação em valôres absolutos. As diferenças de distribuição de despesas com alimentação entre os quatro níveis mostraram-se significativas. Ao que tudo indica, as procuras de alimentos e de aves são relativamente inelásticas à renda. Verificou-se que os coeficientes de elasticidade-renda da procura de alimentos variam de 0,48 (para grupos de renda mais baixa) a 0,55 (para grupos de renda mais alta). E, os coeficientes da procura de aves oscilaram de 0,91 (para os grupos de renda mais baixa) a 0,48 para os grupos de renda mais alta); 4. Na amostra, o nível de educação dos chefes de família e das donas de casa é relativamente baixo. Apenas 29% dos homens completaram o curso primário; 7% o curso secundário; 8%, o curso superior; 15% não frequentaram escola. A percentagem das donas de casa que completaram os diversos cursos, com exceção do universitário, é superior a dos chefes de família. Assim é que 29,5% dessas donas de casa fizeram o curso primário completo, 15% o secundário e somente 2% o superior. Todavia, 21% delas não frequentaram escola. Também na categoria dos que frequentaram curso primário ou secundário, a percentagem das donas de casa é superior a dos chefes de família. São significativas as diferenças quanto à escolaridade das donas de casa e dos chefes de família nos níveis sócio-econômicos. A educação do chefe de família está associada positivamente ao nível de renda da família; 5. Aproximadamente a metade (46,5%) dos chefes de família tem ocupação manual, especializada ou não. Quanto mais baixo o nível sócio-econômico, maior a percentagem dos chefes de família que estão desempregados ou tem ocupação manual não especializada. No estrato I, 52% dos chefes de família ocupam as três posições mais elevadas na classificação usada. São significativas as diferenças quanto à ocupação dos chefes de família nos quatro níveis sócio-econômicos. Existe, também, uma associação positiva entre o nível de educação do chefe de família e o respectivo nível ocupacional; 6. As donas de casa que se encontram nos níveis sócio-econômicos mais elevados alcançaram maior número de pontos na escala de modernismo, indicando tendências para maior aceitação de novas práticas ou idéias. Quanto mais baixo o nível, menor número de pontos obtidos. Em sua maioria, as donas de casa, 72%, opinaram favoravelmente ao contrôle da natalidade. Talvez haja uma correlação positiva dessa atitude com o alto nível de educação ambicionado por elas para seus filhos. Observa-se que êsse nível de aspiração das mães é mais elevado para os rapazes do que para as moças. Tudo leva a crer que há diferenças significativas quanto ao grau de modernismo das donas de casa nos níveis sócio-econômicos. Quanto ao consumo de aves nos quatro estratos sócio- econômicos observou-se: 1. A média de consumo por família é de aproximadamente quatro aves por mês. Todavia, quanto mais alto o nível sócio-econômico, mais elevada é essa média. No estrato I, as famílias consomem 8,5 aves por mês, em média. Já no estrato IV, o consumo é de apenas 1,5 aves por mês, em média. Constatou-se que há diferenças significativas no consumo de aves pelas famílias dos quatro níveis sócio-econômicos. Quanto mais baixo o nível, menor a frequência com que as famílias consomem frango. Consumir frango "para variar" foi a razão mais indicada pelas famílias dos estratos I e II. As famílias que têm um consumo mais espaçado, dos estratos III e IV, citaram como causa principal o aspecto "econômico" (preços relativamente altos). O método mais usado para preparar frango ou galinha é o "ensopado". A compra de frango ou galinha é gera1mente feita pela dona de casa (48%) ou pelo chefe de família (37%); 2. Mais de dois têrços das famílias da amostra consomem aves compradas abatidas. Apenas 8% compram aves assadas. De um modo geral, as principais razões apontadas na compra de aves abatidas relacionam-se com a simplificação do trabalho. As donas de casa do estrato I indicaram o aspecto sanitário como uma das causas de sua preferência por aves abatidas; 3. Apenas 24% das famílias da amostra compram aves vivas ou as criam em casa para o consumo. No primeiro caso 10% e no segundo 14%. Porém, observa-se que há uma relação inversa entre a percentagem de famílias que consomem aves compradas vivas ou criadas em casa e o nível sócio-econômico. Quanto mais alto o nível, menor o consumo de aves compradas vivas ou criadas em casa. A razão principal do consumo de aves compradas vivas ou criadas em casa, é o "melhor sabor da carne", citado 93 vezes. Essa justificativa foi dada em maior número de vezes em todos os estratos. Verificou-se ainda que diversas famílias informaram que prefeririam comprar aves vivas mas não o faziam por não encontrarem com facilidade êsse produto. Também o aspecto sanitário foi outra razão citada pela preferência por aves vivas ou criadas em casa. Resultados semelhantes, tanto quanto a êste aspecto como em relação a sabor, foram obtidos em Vitória - Espírito Santo, (1968), no Rio de Janeiro e em São Paulo (1965).
  • DOI: 10.11606/T.11.1900.tde-20240301-144335
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
  • Data de criação/publicação: 1971-01-01
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

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