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O dilema entre democracia e ordem em sociedades divididas: conflitos separatistas, ameaças sociais e preferências autoritárias na Rússia e na Ucrânia

Ferraro Junior, Vicente Giaccaglini

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 2022-05-09

Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.

  • Título:
    O dilema entre democracia e ordem em sociedades divididas: conflitos separatistas, ameaças sociais e preferências autoritárias na Rússia e na Ucrânia
  • Autor: Ferraro Junior, Vicente Giaccaglini
  • Orientador: Phillips, Jonathan Peter
  • Assuntos: Rússia; Conflitos Separatistas; Democratização; Ucrânia; Sutoritarismo; Separatist Conflicts; Authoritarianism; Russia; Democratization; Ukraine
  • Notas: Tese (Doutorado)
  • Descrição: Estudos mostraram que a ocorrência de conflitos étnicos e separatistas prejudicam a democratização. No entanto, os mecanismos dessa relação ainda precisam ser elucidados. Abordando essa lacuna, almejo lançar luz sobre como conflitos separatistas afetam preferências individuais de regime e estratégias de elite, conduzindo uma análise comparativa multimétodos de dois casos: a Rússia (as guerras da Chechênia) e a Ucrânia (antes e a partir da guerra do Donbass). Desenvolvo e apresento evidências para três argumentos centrais: (1) Conflitos separatistas estimulam a percepção de que minorias étnicas representam uma ameaça à segurança da sociedade. Por sua vez, esta percepção de ameaça intensifica preferências por um regime autoritário. Em períodos de transição, indivíduos comparam o passado autoritário estável e o presente instável, inferindo que regimes autoritários, sem restrições institucionais, são mais aptos a tomar decisões céleres e a manter grupos rebeldes sob controle. Análises de pesquisas de opinião pública em séries temporais mostram que na Segunda Guerra da Chechênia tanto as percepções de ameaças quanto as preferências autoritárias cresceram substancialmente. (2) Em consonância com essa percepção de supostos trade-offs entre democracia e ordem, elites políticas utilizam os conflitos domésticos como pretexto para justificar mudanças institucionais iliberais e legitimar regimes autoritários, argumentando que em contextos multiétnicos e conflituosos é necessário um Estado forte, centralizado e implicitamente autoritário para garantir a estabilidade e a integridade territorial. Comparações de discursos presidenciais confirmam que durante e após o conflito checheno as elites russas mobilizaram discursos de trade-off para fins autoritários; na ausência de conflito, como na Ucrânia antes de 2014, não houve espaço para tais discursos. (3) No entanto, quando há o envolvimento de atores externos em apoio a separatistas, como na Ucrânia a partir de 2014, a percepção de que o conflito decorre de uma ameaça externa oferece menos oportunidades para as elites responsabilizarem as instituições pluralistas internas pela instabilidade, reduzindo as perspectivas para se legitimar mudanças institucionais autoritárias. A guerra no Donbass foi percebida mais como uma agressão russa do que como um conflito separatista genuíno. Por outro lado, o conflito também gerou consequências negativas para a competição política na Ucrânia, ao facilitar a estigmatização e o banimento de determinados atores em decorrência de seus supostos vínculos com o inimigo externo. Os resultados evidenciaram que conflitos separatistas estimulam preferências autoritárias na população e dão sustentação a discursos de trade-off por parte das elites, embora o grau do seu impacto na competição política seja contingente à fonte da ameaça.
  • DOI: 10.11606/T.8.2022.tde-02092022-161337
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
  • Data de criação/publicação: 2022-05-09
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

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